quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A Reforma Protestante- Turma: 701

A Reforma Religiosa 701 No século XVI iniciou-se um amplo movimento de reforma religiosa, responsável pela quebra do monopólio da Igreja Católica sobre o mundo cristão ocidental. Introdução O movimento de reforma religiosa deve ser compreendido dentro de um quadro maior de transformações, que caracterizam a transição feudo capitalista. Durante a Baixa Idade Média, a Europa passou por um conjunto de transformações sociais econômicas e políticas, que permitiram a uma nova sociedade, questionar o comportamento do clero e a doutrina da Igreja. Fatores da Reforma: 1) A crise interna à Igreja era caracterizada pelo comportamento imoral de parte do clero, situação que se desenvolvera por séculos, desde a Idade Média. A simonia era uma prática comum, secular, caracterizada pela venda de objetos considerados sagrados ou a venda de cargos religiosos. Os grandes senhores feudais compravam cargos eclesiásticos como forma de aumentar seu poder ou garantir uma fonte de renda para seus filhos, originando um processo conhecido como "investidura leiga", principalmente no Sacro Império. A preocupação com as questões materiais - poder e riqueza- levou principalmente o alto clero a um maior distanciamento das preocupações religiosas ou mesmo de caráter moral. O nicolaísmo retrata um outro aspecto do desregramento moral do clero, a partir do qual o casamento de membros do clero levava-os a uma preocupação maior com os bens materiais, que seriam deixados em herança para os filhos e a partir daí determinavam o comportamento "mundano" dessa parcela do clero. 2) A ascensão da burguesia, possuidora de uma nova mentalidade, vinculada a idéia de lucro e que encontrava na Igreja Católica um obstáculo. A Igreja desde a Idade Média procurava regular as atividades econômicas a partir de seus dogmas e nesse sentido condenava o lucro e a usura (empréstimo de dinheiro à juros) inibindo a atividade mercantil, burguesa. Vale lembrar que a burguesia européia nasce cristã e dessa forma passará a procurar uma forma de conciliar suas atividades econômicas e o ideal de lucro com sua fé. 3) A ascensão do poder real; no século XVI formava-se ou consolidava-se o absolutismo em diversos países europeus e o controle da Igreja ou da religião passou a interessar aos reis como forma de ampliar ou legitimar seu poder, explicando a intolerância religiosa que marcará a Europa nos séculos seguintes. O melhor exemplo desse vínculo entre a nova forma de poder e a religião surgirá na Inglaterra com a criação de uma Igreja Nacional, subordinada a autoridade do Rei. 4) A mentalidade renascentista refletiu o desenvolvimento de uma nova mentalidade, caracterizada pelo individualismo e pelo racionalismo e ao mesmo tempo permitiu o desenvolvimento do senso crítico, impensável até então, determinando um conjunto de críticas ao comportamento do clero. Antecedentes A Reforma do século XVI foi precedida por várias manifestações contrárias ao monopólio da Igreja sobre a religiosidade e contra o comportamento imoral do clero: as heresias medievais, a Querela das Investiduras, o Cisma do Oriente e os movimentos reformadores. Os principais precursores da Reforma foram John Wycliffe e Jan Huss. Wycliffe nasceu, viveu e estudou na Inglaterra no século XIV onde desenvolveu uma "teoria da comunidade invisível dos eleitos" e defendeu também a devolução dos bens eclesiásticos ao poder temporal, encarnado pelo soberano. Em 1381 defendeu em público a insurreição camponesa. Jan Huss nasceu em 1373 na Boêmia onde estudou, ordenou-se e adquiriu grande popularidade com seus sermões, marcados pela influência de Wycliffe, carregados de críticas aos abusos eclesiásticos. Suas críticas foram radicalizadas na obra De ecclesia (Sobre a Igreja). Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado em 1415. Martinho Lutero Nasceu em 1483 na cidade de Eisleben. Iniciou os estudos de direito em 1505 e os abandonou no mesmo ano, trocando-o pela vida religiosa, sem o apoio do pai. Tornou-se monge e depois padre. Apesar de dedicado à Igreja, sempre esteve atormentado por duas grandes dúvidas: o poder da salvação atribuído a lugares santos e posteriormente a venda de indulgências. No inverno de 1510 - 11 foi a Roma em missão de sua ordem e visitou lugares sacros; em um deles, para que uma alma se libertasse do purgatório, teve que recitar um pai nosso em latim a cada degrau da escada sagrada. Professor na Universidade de Wittenberg, fundada por Frederico da Saxônia, aprofundou seus estudos bíblicos e passou a acreditar que a Salvação não dependia do que as pessoas fizessem , mas daquilo em que acreditassem. Já não considerava Deus como um contador com quem devia barganhar, ou um juiz severo a ser aplacado com boas ações. Cristo viera para salvar os pecadores, a salvação não seria alcançada com esforços insignificantes mas com a fé no próprio Deus. Assim muitos dos princípios da Igreja pareceram irrelevantes e blasfemos à Lutero. Especialmente suspeitos eram: a noção de que Deus recompensa um cristão na proporção das orações, peregrinações ou contribuições; o culto dos santos e de suas relíquias e a venda de Indulgências. A venda de indulgências pode ser considerada como a gota d'água para o movimento reformador. No interior do Sacro Império, o pregador Johann Tetzel era o responsável pela venda do perdão; para ele não era preciso o arrependimento do comprador das indulgências para que elas fossem eficazes. Oficialmente Tetzel estava levantando fundos para a reconstrução da Basílica de São Pedro, em Roma, mas ao mesmo tempo estava a serviço do arcebispo de Mainz, endividado junto ao banco de Fugger. Esse foi o momento em que Lutero percebe que as críticas internas à Igreja não surtiriam efeito, aliás, críticas que eram feitas antes de 1517, quando publicou as "95 teses", tornando suas críticas publicas e tornando-se uma ameaça à Igreja de Roma Para Lutero a salvação era uma questão de FÉ e portanto dependia de cada fiel; a Igreja não era necessária, mas útil à salvação, sendo que as Escrituras Sagradas eram a única fonte de fé. Lutero preservou apenas dois sacramentos: o batismo e a comunhão, acreditando que na eucaristia havia a presença real de cristo, porém sem transubstanciação. O culto foi simplificado, com a instrução e comunhão, substituindo o latim pelo alemão. Lutero e seu Tempo Início do século XVI. O Sacro Império abrange principalmente os Estados Germânicos, divididos em grandes Principados. Em seu interior predomina o trabalho servil na terra ao mesmo tempo em que algumas cidades vivem de um comércio próspero. Apesar do termo "Império", a situação esta longe da existência de um poder absolutista, ao contrário do que ocorre em Portugal e na Espanha. Em 1519, assumiu o trono Carlos V, que era rei dos Países Baixos desde 1515 e rei da Espanha desde 1516. Pretendendo unificar seus vastos domínios e a instaurar uma monarquia universal católica, o Imperador foi obrigado a enfrentar os príncipes germânicos, contrários a centralização do poder. As disputas políticas envolvendo a tendência centralizadora do imperador e os interesses dos príncipes foi uma constante desde a formação do Sacro Império, em . Esta situação de disputa política foi aproveitada por Lutero, que atraiu os Príncipes para suas idéias reformistas, na medida em que o imperador era católico, e por sua vez pretendia utilizar o apoio da Igreja Católica para reforçar sua autoridade. Parcela significativa da burguesia também apoiou as teorias de Lutero, que reforçava o individualismo. Questões para reflexões 1-(PUC-RS) INSTRUÇÃO: Responder à questão abaixo sobre a Reforma Protestante com base no texto abaixo. ” Que diria Jerônimo se pudesse ver o leite da Virgem exibido por dinheiro, recebendo tanta veneração quanto o corpo consagrado de Cristo; óleos milagrosos; os fragmentos da verdadeira cruz, suficientes, se fossem reunidos, para fabricar um grande navio? Aqui temos o capuz de São Francisco, ali a saia de Nossa Senhora, ou o pente de Santa Ana... não apresentados como auxiliares inocentes da religião, e sim como a substância própria da religião – e tudo pela avareza dos padres e hipocrisia dos monges que brincam com a credulidade do povo.” (ERASMO apud Will Durant. A Reforma. Rio de Janeiro: Record, [ s.d.] , p. 239). Segundo o texto acima, no século XVI, Erasmo de Rotterdam, monge agostiniano e professor de Teologia, criticou : a) a venda de indulgências e a simonia. b) a falta de fé em Cristo e na Virgem Maria. c) o livre exame das questões teológicas e econômicas. d) a extorsão da propriedade privada e a condenação da usura. e) a multiplicidade de santos cristãos e o fanatismo religioso. 2. (PUC-PR) O estudo da Reforma Luterana e Calvinista e fatores econômicos envolvidos permitem afirmar: I – Lutero pertencia à ordem dos Agostinianos, preterida na venda de indulgências na Alemanha, dado que os Dominicanos foram escolhidos. II – Muitos nobres alemães, em cujas terras o clero católico possuía extensas propriedades, apoiaram Lutero após este ter recomendado a confiscação de tal patrimônio. III – Embora a Igreja Católica tivesse restrições aos juros e lucros, estas estavam abrandadas no século XVI, sendo católicos os poderosos banqueiros “Fuggers”, de Augsburgo. IV – Quando ocorreu a Revolta dos Camponeses, inspirada em interpretações próprias da Bíblia, nobres católicos e protestantes uniram-se para defender suas terras.  V – João Calvino ensinou que as pessoas que prosperavam nos negócios e profissões tinham no sucesso a marca divina da “predestinação”, que eram favorecidas por Deus. a) Somente as opções I e IV estão corretas. b) Somente as opções II e III estão corretas. c) Todas as opções estão corretas. d) Somente as opções I, II e IV estão corretas. e) Somente as opções I, III e V estão corretas.1. (Enem/1999) "(...) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos." (COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium.) "Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode-se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas." (VINCI, Leonardo da. Carnets.) O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é : a) a fé como guia das descobertas b) o senso crítico para se chegar a Deus c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos d) a importância da experiência e da observação e) o princípio da autoridade e da tradição 4-No século XVI. época das reformas religiosas na Europa, a Igreja Católica:  a) opõe-se vigorosamente às terríveis guerras religiosas.  b) toma-se tolerante para atrair as ovelhas desgarradas  c) revê seus dogmas, adaptando-se aos novos tempos.  d) reafirma a Bíblia como fonte única da verdade divina.  e) “associa-se” ao projeto colonizador da América ibérica.  5-Na Inglaterra percebemos um movimento reformista bastante peculiar. Desde meados do século XIV, o teólogo John Wyclif realizou duras críticas ao poder material da Igreja e fez a tradução da Bíblia para o inglês. Além dele, Thomas Morus também teceu críticas ao papel desempenhado pela Igreja Católica durante o século XVI. No reinado de Henrique VIII, o Estado tinha controle sobre os cargos religiosos, nomeando padres, bispos e cardeais. Nesse período, as relações entre Henrique VIII e a Igreja chegava ao seu fim quando o papa se negou a anular seu casamento com Catarina de Aragão. Dos cinco filhos que teve com Catarina, apenas uma menina havia sobrevivido. Preocupado com a linha sucessória de sua dinastia, Henrique VIII desejou casar-se com Ana Bolena, buscando o nascimento de um herdeiro homem. Tendo negada a anulação de seu casamento, Henrique VIII resolveu criar uma nova instituição religiosa e anular os poderes da Igreja Católica na Inglaterra. Em 1534, o parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia que anunciou a criação da Igreja Anglicana.  O anglicanismo preservara os moldes hierárquicos e a adoração aos santos católicos. No que se refere às suas doutrinas, o anglicanismo incorporou alguns princípios calvinistas. Além disso, o poder exercido pela Igreja Anglicana concedeu condições para que o Estado se apropriasse das terras em posse dos clérigos católicos. A partir dessas novas medidas estabelecidas pelo anglicanismo, o poder de influência da Igreja Católica sobre as questões do governo britânico sofreu uma grande limitação. Por outro lado, as características desta nova igreja cristã incentivaram a ampliação das atividades burguesas na Inglaterra.

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